Aranhas Peçonhentas

Animais peçonhentos

São animais que produzem veneno e possuem algum aparato para sua inoculação. No entanto, ser peçonhento não significa que o animal seja perigoso. Um bom exemplo desse fato são as aranhas, já que todas elas são peçonhentas, mas, no Brasil, apenas três gêneros são realmente preocupantes em caso de acidente. Também há exemplos de animais venenosos, mas não peçonhentos, como muitas espécies de sapos, que produzem veneno, mas não são capazes de inoculá-lo.

Em “O Quarteto” iremos apresentar para você 12 espécies de animais peçonhentos que podem causar acidentes graves: quatro serpentes, quatro aranhas e quatro escorpiões, além de outros menos perigosos.

Artrópodes

O Filo Arthropoda (do grego arthros = articulado e podos = pernas) agrega a maior parte dos animais conhecidos. São incluídos nesse Filo os crustáceos, insetos, aracnídeos, diplopodas e chilopodas. Os artrópodes são caracterizados pela presença de pernas articuladas (que dão nome ao grupo) e de um exoesqueleto de quitina.

O Instituto Butantan possui um laboratório especializado em artrópodes, que tem como objetivo a criação e manutenção de animais de interesse em saúde. O laboratório atua na obtenção dos venenos, tanto para a produção de imunobiológicos como para demais pesquisas desenvolvidas pelo Instituto nessa área.

Aracnídeos

A Classe Arachnida possui 11 Ordens, sendo três mais conhecidas (Araneae, Scorpiones e Acari) e outras oito menos “famosas”, conhecidas como “pequenas ordens” (Amblypygi, Uropygi, Pseudoescorpiones, Opiliones, Solifugae, Schizomida, Palpigradi e Ricinulei). A principal característica dessa classe é a presença de quelíceras e pedipalpos além, é claro, da presença de quatro pares de pernas articuladas e ausência de antenas.

Aranae = Aranhas

As principais características que diferenciam as aranhas dos outros aracnídeos são:

  • Presença de glândulas de veneno nas quelíceras
  • Presença de fiandeiras com glândulas sericígenas (que produzem a seda)
  • Pedipalpo dos machos modificado em um órgão copulador
  • Ausência de antenas

As aranhas são predadoras e praticamente todas possuem veneno, porém poucos venenos têm a capacidade de intoxicar o homem.

Viúva negra Latrodectus curacaviensis

Possui um abdome globoso, característico do gênero Latrodectus, com corpo de cor negro escuro, e manchas em tons de vermelho distribuídas simetricamente pelo tórax. Apresenta na região inferior do abdome um desenho em forma de ampulheta (também característico do gênero) de cor vermelho escuro. A fêmea pode chegar a 1,5 cm de tamanho, enquanto o macho atinge apenas alguns milímetros.

Uma característica peculiar às viúvas-negras é que apenas as fêmeas causam acidentes, fato relacionado diretamente ao pequeno tamanho dos machos.

Vivem em meio a arbustos, em buracos no gramado, calhas e canaletas de água, latas e pneus velhos, entre outras cavidades. Dentro das casas podem ser encontradas em batentes de portas, embaixo de tanques, atrás de quadros, janelas, etc. Produzem teias tridimensionais de aparência irregular, com a presença de fios condutores em direção ao solo, utilizados para caçar.

Causam acidentes leves a moderados, tendo como principais sintomas dor no local da picada, sudorese, contrações musculares involuntárias e agitação. Não são animais agressivos, e os acidentes, em geral, acontecem ao se comprimir um indivíduo contra o corpo em roupas, toalhas, etc. Muitas vezes, ao se sentirem ameaçadas, têm o comportamento de cair da teia e fingem-se de mortas, ao que se denomina tanatose.

Seu veneno tem ação neurotóxica e, dentre as espécies brasileiras, não há registro de envenenamentos graves ou óbitos.
Distribuição geográfica: Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo.


Viúva amarelaLatrodectus geometricus

As características básicas do corpo são bastante semelhantes às da viúva negra, visto que pertencem ao mesmo gênero, porém diferem-se especialmente nas cores. Possuem coloração cinza ou marrom esverdeado, com manchas alaranjadas geométricas e, no final do abdome, desenho em forma de ampulheta em tons de laranja.

Distribuição geográfica: encontrada em áreas urbanas em todo o Brasil.


Armadeira Phoneutria spp.

As Armadeiras (também conhecidas como Aranha-da-banana ou Aranha-macaco) são bastante conhecidas, especialmente pela sua agressividade. Quando se sentem ameaçadas, possuem a característica de se “armarem”, erguendo os dois primeiros pares de pernas e fazendo movimentos laterais ou de “bote”, podendo dar saltos de até 30 cm para intimidar seu agressor. Podem atingir até 18 cm de envergadura (incluindo as pernas).

As espécies variam de acordo com a região considerada. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, encontra-se a espécie Phoneutria nigriventer, já na área litorânea a espécie encontrada é Phoneutria keyserlingi.

De maneira geral, possuem coloração marrom, com presença de uma sequência de pequenos pontos mais claros na região dorsal do abdome, presença de cerdas (tipo mais espesso de pelo) brancas nas articulações das pernas, além da presença de uma escópula (pequeno tufo de pelos) no palpo. Outras características morfológicas específicas diferenciam as espécies.

Apesar de produzir seda, as armadeiras não constroem teias para capturar as presas, sendo caçadoras bastante ativas especialmente no período noturno.

São encontradas na proximidade de áreas urbanas, comumente em locais com acúmulo de material de construção (tijolos, madeiras, azulejos, telhas), caixas de frutas, cachos de banana, entre folhagens e pedras. Terrenos baldios são os principais pontos de ocorrência.

Seu veneno tem ação neurotóxica e sua picada é bastante dolorida, causando edema no local da penetração. Outros sintomas mais graves incluem sudorese intensa, vômitos e problemas pulmonares e cardíacos.
Distribuição geográfica: América Central e do Sul (Guatemala até Argentina).


Aranha marrom Loxosceles spp.

Apesar de serem chamadas de Aranhas Marrons, sua coloração pode variar entre marrom claro, passando por tons avermelhados, até marrom escuro. Possuem a carapaça baixa (“achatada”), sempre menor que o abdome. São animais pequenos, que dificilmente ultrapassam os 3 cm de envergadura. Não apresentam comportamento agressivo, assim os acidentes ocorrem quando o animal é “comprimido” contra o corpo, especialmente no momento em que a pessoa está se vestindo, calçando sapatos, enxugando-se com uma toalha ou mesmo durante o sono, ao se virar na cama.

Abrigam-se principalmente em lugares escuros, como bambus, ocos de árvores, atrás de móveis, pilhas de lenha ou telhas. Constroem teias irregulares e densas, que lembram um “algodão desfiado”.

Seu veneno causa necrose no local da picada e também pode causar anemia, alterações nos níveis de ureia, problemas de coagulação e, em casos mais graves, pode levar à falência renal.

Um dos principais problemas associados às aranhas marrons é o fato de que sua picada pode ser indolor para algumas pessoas. Assim, muitas vezes, a pessoa acidentada só se dá conta do ocorrido quando os sintomas do envenenamento aparecem.

Distribuição geográfica: diferentes espécies distribuídas ao longo das Américas.