O uso de Animais de Laboratório em experimentação já era procedimento praticado na antiguidade (Aristóteles, 384-322 AC) por gregos e romanos, mas, foi durante os séculos XVIII e XIX, que progrediu até alcançar realmente um enfoque científico (W.Harvey, anatomofisiologista; pressão arterial)1.
No início do século XX (1928), o INSTITUTO BUTANTAN (IBu) pioneiramente inicia a implantação de seu Biotério, e por volta de 1935 já possuía uma grande criação de animais para experimentação e infraestrutura básica para pleno desenvolvimento da medicina experimental2.
Na década 1970, com o surgimento da Ciência do Bem-Estar Animal e da Bioética, o uso de animais na experimentação científica ganhou projeção internacional. Em 1986, a comunidade Europeia elaborou algumas diretrizes, que tratavam da proteção de animais vertebrados usados em experimentação animal e outras finalidades cientificas3. No Brasil, após a década de 90 é que começaram a aparecer as CEUAS (Comissão de Ética no Uso de Animais), sendo que a primeira do IBu foi instalada em 1998, por iniciativa dos pesquisadores envolvidos com o bem-estar e a redução do número de animais utilizados no IBu. Apenas em 2008, o Brasil teve aprovada sua primeira legislação dedicada ao uso e controle de animais na experimentação animal (Lei. 11.794/08)4, conhecida como Lei Arouca. Entretanto em 2008 o IBu, já tinha sua CEUA estabelecida a dez anos e com maturidade suficiente para lançar o seu Manual Prático sobre Usos e Cuidados Éticos de Animais de Laboratório5.
Os 3Rs são os princípios que norteiam o uso ético de animais na ciência, foram descritos pela primeira vez por WMS Russell e RL Burch, os 3Rs são: Replacement, Reduction, Refinement (substituição, redução e refinamento), que consiste na diminuição da quantidade de animais utilizados na pesquisa, na melhora, na condução dos estudos para minimizar o seu sofrimento e no desenvolvimento de sistemas experimentais que reproduzam as condições de organismos, dispensando modelos vivos6.
Hoje, não apenas no IBu, mas os grandes centros de pesquisa, ensino e indústria, impulsionados pelo desenvolvimento científico e tecnológico, bem como pela sociedade, tem procurado métodos alternativos aos testes com animais de laboratório. Já dispomos de algumas simulações em computadores e mesmo novas tecnologias para ensaios “in vitro” (termo latino que significa: realizado fora de sistema vivo, em laboratório, geralmente em recipientes de vidro), apontando para um futuro com significante diminuição do número de animais e quiçá o abandono de testes “in vivo”.
No Instituto Butantan é constante o incentivo ao princípio dos 3Rs, o Pesquisador Wagner Quintilio, apresentou uma série de resultados de estudos empregando modelos “in vitro” para substituir o uso de animais no desenvolvimento e controle de qualidade de imunobiológicos produzidos na instituição7. Em 2015 o trabalho ‘An alternative micromethod to access the procoagulant activity of Bothrops jararaca venom and the efficacy of antivenom “ publicado em 2014 no periódico Toxicon8, elaborado por pesquisadores de vários laboratórios do Instituto Butantan, foi premiado pelo comitê de seleção do Global 3Rs Awards, sendo considerado como uma contribuição inovadora direcionada aos 3Rs da pesquisa científica com modelos animais.
Em setembro de 2015, o IBu realizou, através do Centro de Toxinas, Resposta Imune e Sinalização Celular-CeTICS, um curso inédito para o manejo e criação de ”zebrafish”, ou peixe zebra. Ele é utilizado em pesquisas científicas como alternativa em testes com modelos animais. O popular “paulistinha” como também é chamado, apresenta vantagens sobre os vertebrados superiores. Entretanto, outros Cursos são oferecidos duas vezes por ano há mais de quinze anos como, por exemplo, “Animais de Laboratório: uma especialidade”.
No Instituto são utilizados os seguintes animais de laboratório: Camundongo, Cobaia, Coelho, Hamster, Rato, Macaco Rhesus mantidos no Biotério Central e Cavalo, na Fazenda São Joaquim do IBu, em Araçariguama, SP. Entretanto, escolhidos para figura neste jogo foram:
Popularmente conhecida como “porquinho da Índia”, zoologicamente é um roedor (Rodentia), da família Cavidae, cujo nome científico é Cavia porcellus. Entre os animais de laboratório é a única espécie com origem na América do Sul, foi encontrada no Peru e levada para a Europa como animal de estimação. Diferentemente dos outros roedores aqui citados, os seus filhotes já nascem com pelos e tem os olhos abertos e andam a poucas horas do nascimento. Comem alimentos sólidos na primeira semana de vida. Após três (3) meses já podem se acasalar, durando sua gestação em média setenta (70) dias.
No Instituto Butantan são utilizados nos testes de controle de qualidade de praticamente todas as vacinas e soros, principalmente na vacina antidiftérica.
É um roedor (Rodentia), da família Muridae, seu nome científico é Mus domesticus, sendo muito utilizado em pesquisas biomédicas, envolvendo a produção de anticorpos e em testes com vacinas recombinantes.
Nascem sem pelos, com olhos e orelhas fechados e sem dentes. Atingem a puberdade aos quarenta (40) dias e com 60 já podem se acasalar, sua gestação dura em média três (3) semanas, originando uma ninhada de 10 a 12 filhotes.
Há várias linhagens de camundongos, que vão da cor branca à preta, é o animal de laboratório com maior número de linhagens, sendo várias delas albinas, porém geneticamente diferentes. Com cruzamentos consanguíneos obtêm-se linhagens que chegam a apresentar 96,9 % de semelhança genética, cujos indivíduos são muito utilizados em pesquisas sobre o câncer, permitindo a análise e o entendimento de várias doenças.
O rato de laboratório, ou rato Norway, é a forma domesticada da espécie Rattus norvegicus. Embora o gênero Rattus possua cerca de 300 espécies, a espécie mais conhecida é Rattus rattus, o rato preto. O gênero pertence à ordem Rodentia e à Família Muridae.
As duas espécies são cosmopolitas e podem ser encontrados em todos os continentes, dividem mais ou menos o mesmo habitat, sendo que o R. norvegicus vive principalmente em sistema de tocas no nível do solo, enquanto o R. rattus tende a ocupar áreas elevadas em árvores e telhados.
O rato de laboratório R. Norvegicus se originou na Ásia central, norte da China, e o seu sucesso em se espalhar pelo mundo foi devido ao seu relacionamento próximo aos humanos. O rato preto (Rattus rattus) era parte do cenário europeu desde, no mínimo, o século III d.C. e esta espécie esteve associada com a disseminação da peste bubônica, enquanto o R. norvegicus provavelmente se originou na parte norte da china e migrou para a Europa ao redor do século XVIII mas há relatos que eles podem ter entrado na Europa após um terremoto em 1727 atravessando o rio Volga9.
Igualmente aos camundongos nascem sem pelos, com olhos e orelhas fechados e sem dentes. Atingem a puberdade aos sessenta (60) dias e com 90 já podem se acasalar, sua gestação dura em média três (3) semanas, originando uma ninhada de 10 a 15 filhotes. São os animais mais usados nas pesquisas em desenvolvimento.
A inclusão do cavalo entre os Animais de Laboratório se justifica pela sua importante participação na produção de soros hiperimunes (são medicamentos que contém anticorpos produzidos por animais imunizados), o que se realiza desde os primórdios da história do Instituto Butantan.
Os primeiros equinos chegaram à América em 1493, trazidos pela expedição de Cristóvão Colombo, para o Brasil vieram com Thomé de Souza e Duarte da Costa, primeiros Governadores Gerais do Brasil em 1534.
No Brasil há muitas raças, podemos citar: Andaluz (houve um famoso no Butantan, chamado “Cambará”), Árabe, Crioulo, Mangalarga, Pantaneiro, Piquira, Quarto de Milha e grande variedade de raças de sela. A classificação da pelagem varia de acordo com a Associação dos Criadores de cada raça, podendo se considerar como pelagem base: tordilho, castanha e alazã.
Taxonomicamente são mamíferos (Mammalia), Perissodactilos (Ordem Peryssodactyla), Equinos, família Equidae, pertencendo à espécie Equus caballus. São herbívoros, com denominações de acordo com a categoria animal e faixa etária: os machos reprodutores denominam-se garanhões, as fêmeas adultas; éguas, os animais jovens, de potros (machos), ou potras (fêmeas).
São utilizados por ser animal dócil, de grande porte, apresentando, portanto, grande volume de sangue, de fácil manejo, veia jugular de fácil acesso; o que é importante para a coleta de sangue, grande sensibilidade (fornece resposta imune de maior estabilidade e rendimento). No que diz respeito a sua reprodução, a puberdade se inicia entre os 15-18 meses, sendo a maturidade sexual atingida entre os 18-24 meses. A sua gestação (média) é de 335 a 345 dias. Os animais devem ser alojados em pastos (piquetes) de gramíneas ou boxes individuais e a sua alimentação depende principalmente da categoria animal e função a qual são destinados.